Donald Trump está com três vezes menos dinheiro do que Joe Biden – 63 milhões contra 177 milhões do adversário.
Sua desvantagem nas pesquisas firmou-se na casa dos dois dígitos.
O debate de ontem, embora menos caótico, não teve o efeito bombástico do tipo que muda rumos de campanha, apesar das tentativas do presidente de trazer o tema para a discussão.
E a história que potencialmente inverteria o jogo, sobre negociatas e desvios comportamentais de Hunter Biden, tem detalhes constrangedores demais até mesmo para os poucos órgãos de imprensa que apoiam Trump.
O único que continua a cuspir fogo é Rudy Giuliani, o ex-prefeito de Nova York que virou o homem-bomba de Trump.
A matéria prima de Giuliani vem do computador que Hunter supostamente deixou numa loja de eletrônicos para ser recuperado e nunca voltou para buscar.
É de lá que vieram e-mails indicando que Hunter fazia tráfico de influência com empresários ucranianos e chineses, aparentemente ”vendendo” contatos com o pai, quando era vice-presidente.
A história de suposta corrupção resvala para a perigosa área das baixarias pessoais. Algumas são até dolorosas, como as imagens “antes” e “depois” dos dentes recapeados de Hunter Biden, idênticos aos dos viciados em crack e metadona antes da intervenção.
Segundo Giuliani, o arquivo de fotos do lap top de Hunter também mostra imagem de jovens adolescentes em circunstâncias comprometedoras.
Pior, Giuliani leu um e-mail no qual o suposto Hunter fala ao pai sobre a cunhada, Hallie, com quem ele teve um relacionamento depois da morte precoce do irmão, Beau Biden.
Na reprodução do texto, “ela” – a cunhada – reclama que Hunter criou “um ambiente perigoso para as crianças” ao usar o FaceTime, nu e fumando crack, com uma menina de 14 anos que seria sua sobrinha.
É difícil descer mais baixo do que isso, seja por qualquer ângulo que se veja o caso. Na hipótese de que a história fosse verdadeira, Joe Biden não poderia ser acusado pelos pecados ou delitos do filho.
Não é impossível que a história sobre tráfico de influência venha a frutificar – inclusive num futuro governo Biden.
Dois ex-sócios do filho problemático já apareceram para confirmar negócios privilegiados na China, na Ucrânia, na Romênia e no Cazaquistão.
Um deles, Tony Bobulinski, participou da plateia do debate a convite da campanha de Trump. Pouco antes, deu uma declaração denunciando a participação de Joe Biden num reunião em que se discutiu comissões provenientes de investidores chineses.
O computador “abandonado” está em poder do FBI, numa investigação que envolve lavagem de dinheiro.
Por enquanto, as denúncias contra o filho do candidato continuam parecendo mais um gesto proveniente do desespero de ver a vitória ficar cada vez mais difícil.
Nem os trumpistas convictos que fazem carreatas por várias cidades americanas, manifestando um entusiasmo que nem de longe é visto entre os partidários de Joe Biden, estão ligando muito para o caso.
E faltam apenas onze dias para a eleição.