A disputa eleitoral de 2022 começou e está ajudando o vírus

Amelia sperb Por Amelia sperb 6 Min Read

Diante do atual cenário de incertezas a respeito da pandemia que assola o mundo todo, o Brasil, entre cloroquinas, aquisições polêmicas de respiradores, supostas vacinas e outros recursos que minimizem as sequelas do Covid-19, esconde nas entrelinhas um vírus bem mais potente, na corrida dos candidatos às urnas, em 2022. O que se faz necessário, é mostrar, sem rodeios, que muitos políticos se esquecem de questões primordiais que afetam toda uma população, no aguardo de respostas, e que acaba se deparando com autoridades que focam em uma disputa eleitoreira. Diante de um confronto de egos, há um contraste da desinformação com uma esperada modernização do país e a resolução de questões urgentes que têm afetado de forma expressiva a vida de cada cidadão brasileiro.

Ações como as do Governo Federal e do Governo do Estado de São Paulo têm contribuído para esse clima de incertezas e incoerências que pairam no país. No que diz respeito ao governo paulista, seu atual representante, o governador João Doria, tem tomado medidas que descontentam o alto escalão da esfera federal e as autoridades competentes, desde quando se envolveu na compra de 3.000 respiradores, sem licitação, voltando atrás em sua decisão, pouco tempo depois. Não bastando o vai e vem dos respiradores, a bola da vez é a tão falada cloroquina, que se tornou foco dos holofotes da mídia em tempos de pandemia. Tomar ou não tomar a tal droga, eis a questão, tão discutida entre profissionais da saúde e políticos que miram uma projeção nas urnas de 2022. O governador, uma das vítimas do Covid-19, chegou a afirmar que a cloroquina é um “perigo” para quem a consumir, alfinetando o presidente em exercício, Jair Bolsonaro, em sua defesa sobre o remédio. Além do que, parece ter esquecido que seu médico, o infectologista David Uip, ex-coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, da mesma forma, acometido pelo vírus, tomou o remédio para vencer a doença. Portanto, entre ditos e não ditos, o que se enxerga nitidamente em atitudes como essas é a dianteira de interesses pessoais em contraste com as reais necessidades de um povo que aguarda soluções mais consistentes sobre o que se espera de um futuro próximo. Na verdade, nem o governador Doria nem mesmo o presidente do país sabem ao certo o que se deve ou não utilizar em casos positivos do vírus. Uma questão que não mira a saúde, ainda não tem respostas claras sobre o tema e pretende tirar do caminho os adversários políticos para as eleições de daqui a dois anos.

Quanto à obrigatoriedade da vacina para os paulistas, Doria, em um depoimento recente, declarou que a vacina chinesa, desenvolvida pela farmacêutica Sinovac, a Coronavac, testada no Estado de São Paulo em uma parceria com o Instituto Butantan, chegaria ao país no final deste ano, e todos os paulistas teriam de tomar a vacina. Em nova aparição na imprensa, o governador estendeu esse prazo para fevereiro de 2021, mantendo sua obrigatoriedade, conflitando novamente as informações à população. Nesse mesmo quesito, agora sob a alçada do Governo Federal, Jair Bolsonaro, afirmou esta semana, que a vacina contra o Coronavírus não será, de forma alguma, obrigatória, em todo o território nacional, contradizendo as declarações do governador Doria, que aferiu a obrigatoriedade da vacina no Estado de São Paulo, caso seja aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

De acordo com o presidente Bolsonaro, quem irá oferecer o imunizante é o Ministério da Saúde, mediante comprovação científica. O presidente afirmou que o governo brasileiro não comprará doses da vacina proveniente da China, desautorizando o atual ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que havia informado sobre a aquisição de 46 milhões de doses. Bolsonaro declarou nesta quarta-feira que, mesmo com a aprovação da Anvisa, o governo brasileiro
não irá comprar a CoronaVac, em razão do grande descrédito sobre uma imunização de procedência chinesa, reforçando que jamais tomaria essa vacina. Assim como, mesmo sem autorização do órgão de saúde responsável, o governo brasileiro assinou recentemente a compra da vacina de Oxford para o combate ao vírus. Outra vez, o desencontro de informações, a rusga entre governos federal e estadual, e quem perde com tudo isso é o cidadão brasileiro, em meio a tantos desacordos e informações que deixam no ar a veracidade dos fatos e escancaram os reais objetivos dos políticos de uma nação à mercê de interesses pessoais. Um momento de apostas no escuro, confrontando governos, emitindo informações dúbias, que se perdem em meio a tantas inverdades, lutas por espaços na mídia, como se estivéssemos assistindo a uma corrida que não enxerga limites, apenas tem claro o ponto de chegada: as eleições que se aproximam. O foco único e exclusivo é alcançar o tão almejado cargo, que se perpetuará até as próximas urnas. O Brasil que aguarde, tudo a seu tempo.

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