O avanço acelerado da inteligência artificial tem transformado economias, impulsionado inovações e criado novas oportunidades em todo o mundo. No entanto, enquanto países como China e Índia aceleram a formação de talentos especializados, o Brasil vê a qualificação de novos profissionais em IA cair, preocupando gigantes da tecnologia que atuam no país. Essas empresas estão cobrando do governo brasileiro um plano nacional robusto e urgente para formar especialistas em IA, com foco em preparar o mercado para a crescente demanda por profissionais capacitados nessa área crítica para o futuro.
A falta de especialistas em IA no Brasil já está afetando diretamente a competitividade das empresas de tecnologia. Segundo estimativas do setor, há mais de meio milhão de vagas abertas em tecnologia, muitas delas relacionadas à inteligência artificial, ciência de dados e machine learning. O número de profissionais formados, porém, é insuficiente para atender à demanda. Enquanto isso, países asiáticos seguem formando dezenas de milhares de especialistas em IA por ano, criando um abismo entre o Brasil e as grandes potências tecnológicas.
Empresas globais que atuam no Brasil, como Google, Microsoft e Amazon, têm alertado o governo sobre os riscos dessa defasagem. Elas argumentam que, sem um plano nacional de formação em IA, o país pode perder investimentos, oportunidades de inovação e protagonismo em setores estratégicos como saúde, segurança pública, agronegócio e educação. A pressão aumenta à medida que as tecnologias de IA se tornam cada vez mais indispensáveis para a modernização da economia e da gestão pública.
O plano nacional para formar especialistas em IA precisa ir além de promessas políticas e envolver ações concretas de curto, médio e longo prazo. Isso inclui a modernização dos currículos acadêmicos, investimentos em laboratórios de pesquisa, parcerias público-privadas e programas de capacitação em larga escala. Além disso, é necessário atrair e incentivar professores e pesquisadores da área para formar uma base sólida de conhecimento e inovação no Brasil.
Outro fator importante é democratizar o acesso à formação em inteligência artificial. Hoje, grande parte dos cursos e programas de capacitação está concentrada nos grandes centros urbanos, o que limita a participação de talentos em regiões mais afastadas. Um plano nacional para formar especialistas em IA precisa considerar a inclusão regional e social, garantindo que jovens de diferentes origens tenham acesso às oportunidades de capacitação e crescimento profissional.
Os especialistas alertam que o atraso na formação de mão de obra qualificada pode comprometer o crescimento do ecossistema de inovação brasileiro. Startups, centros de pesquisa e grandes empresas enfrentam dificuldades para preencher posições-chave, o que impacta diretamente na capacidade de desenvolver soluções com base em inteligência artificial. Um plano nacional para formar especialistas em IA também pode impulsionar o empreendedorismo tecnológico, gerando empregos de alta qualificação e promovendo a transformação digital no país.
Além do aspecto técnico, há uma preocupação ética envolvida no desenvolvimento da inteligência artificial. Sem especialistas bem formados, o Brasil corre o risco de adotar soluções automatizadas sem considerar os impactos sociais, legais e culturais dessas tecnologias. Um plano nacional para formar especialistas em IA deve incluir também a formação ética e crítica, preparando os profissionais para lidar com os dilemas e responsabilidades que acompanham o avanço da IA.
Portanto, o cenário é claro: ou o Brasil reage rapidamente com um plano nacional estruturado e eficaz, ou continuará perdendo espaço na corrida tecnológica global. A cobrança das gigantes da tecnologia não é apenas uma exigência do setor privado, mas um alerta sobre a urgência de formar especialistas em IA que possam liderar o desenvolvimento de soluções inovadoras, sustentáveis e inclusivas para o futuro do país. É hora de agir com seriedade e visão estratégica para garantir que o Brasil não fique para trás nessa nova revolução.
Autor : Roman Lebedev