Nome ‘sujo’ ainda é uma realidade entre os brasileiros; pandemia agrava situação

Por Amelia sperb

Sem trabalhar desde o início da pandemia, a cantora Beatriz Ribeiro, de 43 anos, viu as dívidas do cartão de crédito fugirem do controle, chegando a R$ 1.900. Entre os meses de abril e maio, ela foi diagnosticada com coronavírus e ficou isolada em casa, contando com a ajuda de vizinhos. Foi nesse momento que ela precisou gastar com transporte, exames, remédios e consultas particulares. Só o teste para diagnosticar a Covid-19 custou R$ 470. Sem a principal fonte de renda durante meses, Beatriz conta que a ajuda do auxílio emergencial fez toda a diferença. “Eu usei para poder me alimentar, o preços dos alimentos sumiram de forma astronômica. Então eu usei o auxílio para fazer as coisas mais principais da casa e as dívidas foram ficando e juros sobre juros.”

A Beatriz ainda não está trabalhando pois enfrenta sequelas fortes da doença. Mesmo sem a presença do vírus no organismo, ela tem crises de labirintite frequentes. A cantora conta que nunca tinha passado por uma situação semelhante e que precisou fazer de tudo pela própria saúde. “Eu tenho medo de voltar a fazer shows em bares de restaurantes por medo da aglomerações porque os sintomas da doença são muito difíceis de suportar. A gente tem anticorpos, mas até quando esses anticorpos vão durar? Você não sabe e o cantor depende do público e de aglomerações.”

Diferentemente da Beatriz, a Stefane Oliveira, de 28 anos, conta que hoje não deve mais nenhum dinheiro. Mas nem sempre foi assim; para conseguir pagar os estudos, a analista teve que arcar com um financiamento estudantil e acabou ficando com o nome no Serasa. Graças a mudanças de hábitos, ela conseguiu quitar a dívida meses antes do vencimento. “Às vezes parece uma bola de neve que você não vai sair, muitas vezes eu me peguei assim. Mas o primeiro passo é ter o total controle do dinheiro dela, isso é fundamental. Conseguir ter um local em que consiga identificar todos os gastos de forma rápida”, indica.

Segundo uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, o endividamento das famílias brasileiras bateu recorde em agosto, pior mês da série história. O CEO de uma startup de gestão de finanças pessoais, Carlos Terceiro, ressalta que para não entrar em dívidas, é preciso desenvolver um planejamento financeiro. “Você tem que conhecer realmente toda sua vida financeira pessoal, quanto você ganha, quanto você faz de renda extra quanto você gasta. Uma pessoa que não está com dívidas, mas ganha exatamente o que ela gasta, ela está em uma situação muito propícia do endividamento. Então o ideal é gastar menos do que ganha.” Carlos Terceiro ressalta que medidas simples, como inserir a educação financeira nas escolas, pode ajudar a mudar a vida financeira dos brasileiros.

*Com informações da repórter Letícia Santini

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