De acordo com o último Censo, o número de pessoas com 65 anos ou mais no Brasil cresceu 57,4% em 12 anos. Atualmente, são mais de 22 milhões de pessoas com essa idade, o que representa quase 11% da população. Esse dado deixa claro que nosso país segue a forte tendência mundial de envelhecimento populacional.
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Constatar esse cenário faz agentes de diferentes setores tomarem providências para se preparar para o novo mundo. Órgãos públicos, por exemplo, tentam encontrar uma lógica matemática para sustentar uma nação cuja boa parte da população não é economicamente ativa. Empresários e empreendedores também precisam se adaptar e começar a olhar para essa faixa etária como um importante potencial consumidor de seus produtos e soluções.
Sob a ótica da tecnologia, temos um desafio muito interessante: ainda que existam grandes barreiras para a inclusão digital dessa população, é cada vez mais comum que idosos estejam presentes nos ambientes online. Até porque quem tem 60 anos hoje provavelmente já usava a internet há 20 anos no trabalho. Ou seja, assim como a Geração Z já nasce digital, os “novos idosos” já chegam para a melhor idade com pleno domínio das novas tecnologias.
É nesse panorama que surgem as “agetechs”, que é como denominamos startups que produzem soluções para o público 50+. Sendo mais específico, estamos falando de tecnologias projetadas para atender às necessidades dos idosos e daqueles que cuidam deles.
Panorama das Agetechs no Brasil
Em 2023, a Abstartups – em parceria com a MedSênior — produziu um estudo que mapeou 44 agetechs em território nacional. 84% delas podem ser enquadradas no setor de healthtech e Life Science, o que inclusive segue uma tendência de outros países.
Ao classificar as soluções voltadas exclusivamente para o público 50+, identificamos também que 29% delas estão ligadas a estilo de vida e bem-estar, 23% a bem-estar financeiro e emprego e 23% a cuidados e prestação de serviços. Outro ponto importante relatado pelos entrevistados é que esse é um serviço ainda muito novo no mercado nacional.
Mesmo que ainda esteja dando os primeiros passos no Brasil, uma das principais percepções que tiramos do estudo é que as startups perceberam a importância de olhar para esse público e estão mirando justamente em soluções que promovam o bem-estar dos idosos e permitam maior qualidade de vida a esse grupo.
Mirando no futuro
Assim como praticamente qualquer outro setor de startup, um dos principais desafios enfrentados pelos empreendedores está na captação de investimentos. Convencer fundos de investimento a apostar em um setor “alternativo” pode ser uma tarefa árdua.
O desafio tende a ser ainda maior para as agetechs por serem um mercado em ascensão, ainda não maduro no Brasil, onde as apostas estão muito mais no futuro. Embora o envelhecimento populacional já seja uma realidade, a tendência é que daqui a 10 ou 20 anos a situação esteja ainda mais latente. Ou seja, é preciso contar com essa visão mais “a longo prazo” por parte dos investidores.
Mesmo que a passos lentos, aos poucos todo o ecossistema parece amadurecer a ideia de olhar para as agetechs. Fundos, startups, provedores de tecnologia e até a própria população passa a se conscientizar sobre o tema. Assim, o número de soluções para esse público só tende a crescer!