Tendência antiga, EAD ganha mais força durante a pandemia

Amelia sperb

Graduada em Administração e mãe de dois filhos, Fernanda Souza viu no ensino à distância a possibilidade para realizar o sonho de cursar uma segunda faculdade. Ela se formou em Pedagogia no ano passado e conta que poder estudar no conforto da própria casa só trouxe benefícios. O modelo deu tão certo pra Fernanda que ela já pensa em fazer mestrado também de maneira remota. Já para a consultora de vendas, Carla Machado, a adaptação durante o curso à distância não foi nada fácil. A paulistana acabou de se formar em marketing e ressalta que, apesar das dificuldades, não sentiu falta de estar em uma faculdade presencial.

Em 10 anos, o número de estudantes EAD aumentou quase 5 vezes. É o que diz o Censo divulgado pelo Inep na última sexta-feira (23). De 2009 até o ano passado, o ensino à distância teve um salto de 378,9% em matrículas de ingressantes. Nos cursos presenciais, o crescimento foi de apenas 17,8%. Para o diretor-executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior, Sólon Caldas, é provável que a preferência pelo ensino à distância ganhe mais força nos próximos anos.

Por outro lado, com a crise econômica provocada pela pandemia, 858 mil alunos deixaram de cursar o ensino superior na rede particular neste ano. A redução representa 13,2% das matrículas nas faculdades privadas do país, presenciais ou à distância. Sólon Caldas ressalta que esse cenário vai causar sérios danos ao país no longo prazo. A taxa de atraso no pagamento das mensalidades também cresceu 29,9% no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado, alcançando 11% dos estudantes. O problema é maior em cursos EAD, com 12,5% dos contratos inadimplentes.

*Com informações da repórter Letícia Santini