Mais da metade dos deputados do Rio é investigada por rachadinha

Por Amelia sperb

Mais da metade dos deputados estaduais da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) está na mira do Ministério Público. Segundo apurou VEJA com exclusividade, 42 dos 70 parlamentares, dos mais diversos partidos, são investigados pela prática da rachadinha – quando um político fica com parte do salário do funcionário ilegalmente. O número é bem superior do divulgado no relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), em 2018, que deu origem às investigações das movimentações financeiras atípicas em 22 gabinetes, entre eles o do hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Dos 42 deputados fluminense investigados pelo MP, ao menos dez já tiveram pedidos de quebra dos sigilos fiscal e bancário à juíza Juliana Benevides, da 1ª Vara Criminal Especializada do Tribunal de Justiça (TJ-RJ), criada na atual gestão do presidente do TJ-RJ, desembargador Cláudio de Mello Tavares. A apuração está sob sigilo. Na lista de suspeitos, está o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT). O gabinete do petista apareceu com a maior movimentação atípica no relatório do Coaf, que apontou transferências de R$ 49 milhões, entre 2011 e 2017. Apenas uma das assessoras de Ceciliano, Elisângela Barbieri, que também seria dona uma empresa de material de construção, movimentou cerca de R$ 26,5 milhões. Elisângela é esposa do empresário Carlos Alberto Dolavale, o Betinho, agiota ligado ao deputado. Ceciliano sempre negou qualquer irregularidades.

Em julho, o deputado Márcio Pacheco (PSC) foi o primeiro a ser denunciado pelo MP por suspeita de rachadinha. Pacheco também negou. Ex-líder do governo Wilson Witzel na Alerj, Pacheco é acusado de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Além do parlamentar, seu chefe de gabinete, André Santolia, e mais dez pessoas foram alvos da ação. De acordo com os promotores do caso, o grupo político do parlamentar teria desviado um milhão de reais dos salários dos assessores do gabinete. No entanto, as movimentações atípicas chegaram a 25,6 milhões de reais.

O MP também já concluiu as investigações da prática de rachadinha contra o senador Flávio Bolsonaro quando ele ainda era deputado estadual. A apuração durou quase três anos. Nos bastidores, VEJA apurou que as discussões são para saber se a denúncia contra Flávio seja formalizada no TJ-RJ antes ou depois das eleições municipais. A expectativa é de que o senador e seu ex-assessor Fabrício Queiroz sejam denunciados por organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. Segundo o MP, Flávio Bolsonaro é apontado como líder da quadrilha e teria usado 2,7 milhões de reais em dinheiro vivo. Queiroz aparece como operador do esquema de corrupção na Alerj.

Continua após a publicidade

Compartilhe esse Artigo