A campanha de Jacaré, o fiel escudeiro do presidente Bolsonaro

Por Amelia sperb

Waldir Luiz Ferraz sempre foi um homem de bastidor. Durante as últimas três décadas, ele foi uma espécie de faz-tudo de Jair Bolsonaro. Jacaré, como é conhecido, quer agora sair da sombra. Aconselhado pelo próprio presidente, vai disputar uma das 51 cadeiras da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Sua estratégia é toda inspirada no antigo patrão: “Eu não saio para pedir votos. Envio meus vídeos, meus banners, para a minha rede de contatos nas redes sociais, e o pessoal compartilha. Eu recebo apoio até de pessoas que moram fora do estado, mas que têm parentes no Rio de Janeiro. Muitas passaram a pedir votos para mim porque conhecem o trabalho que desenvolvo com o presidente”, afirma.

A ideia de disputar um cargo eletivo, diz ele, foi do próprio Bolsonaro, cujo filho, Carlos, e a ex-mulher, Rogéria Nantes, também pleiteiam uma vaga na Câmara Municipal carioca. “Ele acha que eu posso contribuir mais com o país na Câmara”, explica. Choque com os familiares? Não, segundo ele. “É mais aliado eleito”, garante. Jacaré diz que não pede voto apenas para si. “Eu sou tão gente boa que eu chamei a Rogéria e o Carlos para o programa da Leda Nagle, para dar uma levantada neles. E quer saber mais? Umas semanas atrás eu levei a São Paulo um concorrente, o subtenente da PM Noel Carlos, do PRTB, para gravar com o vice-presidente Hamilton Mourão. Qual candidato faz isso?”

Além das fotos com o presidente, Waldir espalha para seus contatos vídeos em que aparece com nomes importantes do bolsonarismo pedindo voto, como o secretário de Cultura, o ator Mario Frias, o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e, obviamente, o vice-presidente Hamilton Mourão. “Meus amigos e amigas do Rio de Janeiro, estou com um amigo de longa data, com excelentes serviços prestados à cidade e de forma desprendida e sem aparecer”, apresenta Mourão. Apesar do prestígio no governo do amigo, ele não gravou com o presidente. “Ele havia prometido, mas eu não quis. Não quero causar constrangimentos”, afirma.

Alguma proposta indecorosa? “Já me ofereceram grana, mas eu não quero. Dois policiais vieram o com papo de que tinham Curicica (zona norte da cidade do Rio de Janeiro) não mão deles. ‘A gente que comanda ali’ e tal. E eu comecei a achar o papo estranho. Aí, depois, veio a história: ‘o pessoal é dono das maquininhas (caça-níqueis) de Jacarepaguá está na nossa mão também, e a gente pode pedir ajuda para a sua campanha’. E eu disse: camarada, esquece. Não quero ajuda não. Esquece. Estou fora, muito obrigado. Cortei na hora. Já imaginou ficar tirando foto com dono de maquininha do meu lado?!”

E como bancar a campanha? “Não quero dinheiro de ninguém. Eu estou usando minhas próprias economias. Eu me planejei para gastar até dez mil reais, mas não vou gastar nem cinco mil. Eu gastei 700 reais em panfletos, mas nem isso é necessário. Também recuso doações para me manter independente”. E qual é a plataforma política do amigo do presidente da República? “Não tenho, quando eu chegar lá eu vejo. Mas vou ficar de olho nos gastos com obras. É muito dinheiro jogado no lixo.”

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